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Não é só a Covid-19 que tem afetado a saúde da população de maneira alarmante. Segundo o Relatório da Felicidade Mundial, elaborado pelo instituto de pesquisas Gallup, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), as pessoas estão mais tristes e sofrendo mais do que nunca com depressão e ansiedade.
No Brasil, os dados são ainda mais preocupantes: o país, que ocupava a 22ª posição no ranking em 2017, caiu para o 41º lugar em 2020, com a menor média desde 2005. Um quadro crítico para uma nação considerada a segunda colocada em casos de depressão nas Américas (5,8% da população), atrás apenas dos EUA, além de ter 9,3% das pessoas diagnosticadas com síndromes relacionadas à ansiedade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma dessas síndromes relacionadas é o burnout, também chamado de esgotamento profissional. Trata-se de um estado de estresse extremo e crônico, geralmente provocado por sobrecarga ou excesso de trabalho. O termo em inglês significa "queimar algo até o fim", portanto quem sofre com a condição perde suas energias físicas e emocionais devido a uma rotina profissional desgastante.
Mas segundo a psicóloga, CEO e fundadora da Bee Touch - mental healthtech que mensura digitalmente riscos psicossociais que geram vulnerabilidade ao estresse e a problemas de saúde mental em empresas -, Ana Carolina Peuker, o burnout é evitável. "Recentemente nós vimos empresas como a Nike, Citibank e Bumble, por exemplo, adotando medidas importantes, como por exemplo afastar os colaboradores ao identificar sinais claros de esgotamento e até a diminuição do tempo das reuniões", explica.
Por ocasião do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio e conscientização sobre problemas de saúde mental no Brasil, a especialista indicou orientações práticas para ajudar os gestores a agir de forma preventiva para evitar danos irreparáveis aos colaboradores:
1) Devolva o controle
Pequenas flexibilizações na carga horária de trabalho e oferta de autonomia ao trabalhador sobre como gerenciá-la podem aumentar seus níveis de bem-estar e sensação de controle sobre as suas tarefas. Para a saúde mental, essa flexibilização é de extrema importância.
2) Permita que as pessoas recarreguem
Ajude seus colaboradores a se desconectarem do trabalho. Mensagens no WhatsApp fora do expediente, demandas de última hora ao final do dia, entre outras ações que impedem o descanso, devem ser evitadas. Ajude-os a se conectarem com suas famílias e seus momentos de lazer, pois isso terá, certamente, um impacto positivo na vida laboral e pessoal deles.
3) Crie uma cultura de cuidado emocional
Em vez de esperar que as pessoas se esgotem, é melhor encorajá-las ao autocuidado e fornecer canais para que possam buscar ajuda precoce, antes de chegarem no estágio de exaustão. Conversar com os colaboradores, entender os problemas, até mesmo pessoais e profissionais é muito importante para identificar os primeiros sinais de burnout e depressão, por exemplo.
4) Forneça recursos sustentáveis para apoio psicológico
Programas corporativos de saúde mental podem trazer inúmeros benefícios para as pessoas e para a organização, incluindo a redução de custos por afastamentos e aumento do engajamento e da produtividade. Ações isoladas não são suficientes.
5) Promova uma cultura emocional positiva
Ambientes com maiores níveis de ansiedade e estresse fazem as pessoas assumirem perspectivas mais negativas e prejudicam a resolução de problemas. Por isso, é importante manter uma cultura de "segurança psicológica".