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O sonho de ter o próprio negócio infelizmente pode-se tornar um pesadelo para o pequeno empreendedor. Muitas vezes, ele usa o dinheiro que guardou a vida toda para abrir um negócio e aposta todas as suas fichas para que a iniciativa seja um sucesso. Mas, segundo pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a maioria das pequenas empresas fecha suas portas com menos de um ano de atuação.
De acordo com o órgão, 7% dessas empresas fecham por falta de lucro, 20% encerram o negócio por falta de capital e quase 50% dos pequenos empresários do Brasil não sabem precisar se têm lucro ou prejuízo.
"Esses dados nos fazem constatar que as empresas fecham por falta de uma gestão adequada dos seus recursos. A falta de capacitação faz com que o empreendedor iniciante não saiba planejar ou planeje mal o seu negócio. Ainda se acredita que o planejamento seja opcional, o que não é verdade, ou que precise ser feito uma vez na vida do negócio", aponta o economista Mário Vasconcelos.
O economista ainda faz um alerta: entre o sonho e a realidade, há um abismo de desafios a serem vencidos. “Unir o prazer ao trabalho é o sonho de todo mundo, por isso a primeira coisa que vem a cabeça quando se pensa em abrir um negócio é algo relacionado ao seu hobby”, diz Vasconcelos.
O talento em inovar e empreender pode ser passado de geração em geração. Há teorias de que isso acontece pela busca da independência e o emprego formal deixa de ser um projeto de vida dessa nova geração. Com as dificuldades no mercado, os jovens enxergam o empreendedorismo como uma opção de carreira profissional.
Ele conta que os jovens devem colecionar experiências, com coragem e criatividade, e gerar lucros, empregos e renda.‘’Quando alguém começa um negócio, na pior das hipóteses está gerando emprego e esse jovens estão inovando e de olho nas novas características de mercado. Por isso, o planejamento é primordial’’, explica.
Mário Vasconcelos acredita que o empreendedorismo jovem está se tornando uma tendência no país. ‘’Há um tempo, os jovens sonhavam em fazer uma faculdade, ser um funcionário público, mas com as mudanças trabalhistas, reforma da previdência, os jovens estão mudando de ideia’’, ressalta.
Confira a seguir algumas perguntas que você deve responder antes de mergulhar de cabeça no negócio dos seus sonhos e acabar preso em um pesadelo sem fim:
1. Você está pronto para fazer sacrifícios?
“O principal erro é confundir o empreendedorismo com uma opção mais light de vida”, destaca o economista Mario Vasconcelos. Tocar o próprio negócio implica, na maioria das vezes, em jornadas mais longas de trabalho e envolvimento total com o dia-a-dia da empresa. “O empresário tem que estar ciente de que dificilmente vai trabalhar só oito horas por dia”, aponta Jose Carmo Vieira de Oliveira, consultor do Sebrae. Dependendo do negócio, finais de semanas e férias também podem entrar na conta, especialmente até a empresa decolar. O apoio da família também é indispensável.
2. Você tem dinheiro suficiente para fazer o negócio dar certo?
Essa é uma questão fundamental. Se você não tem dinheiro próprio, buscar um investidor ou a ajuda de parentes e amigos pode ser uma alternativa. As linhas de crédito também são uma opção, mas começar um negócio endividado é sempre mais difícil. “A maioria das empresas fecha por problemas de planejamento financeiro. Os juros altos do empréstimo prejudicam as contas da empresa nos primeiros meses de vida, que são os mais delicados”, alerta o economista. Lembre-se de que você terá que ter ao menos as reservas necessárias para pagar suas despesas pessoais e familiares até que o negócio comece a dar lucro, o que pode levar um tempo. Se você está deixando o seu emprego para empreender, não esqueça de colocar na conta benefícios subsidiados pela empresa que você terá que pagar integralmente – como plano de saúde e alimentação -, além das férias e remuneradas e 13º salário, que não estarão mais garantidos.
3. Você conhece realmente o negócio no qual vai entrar?
Se você está suficientemente motivado e tem dinheiro para abrir um negócio, o próximo passo é conhecer muito bem a área em que vai entrar. Mesmo que você tenha um interesse pessoal na área, certifique-se de que você se encaixaria bem na rotina do negócio. Você gosta de lidar com pessoas? Administrar um restaurante ou uma pousada, por exemplo, envolve lidar com funcionários, fornecedores e clientes o tempo todo. Você se sairia bem nestas situações? “É preciso fazer uma autoavaliação e estar muito consciente das suas habilidades e limitações”, recomenda Vasconcelos. Não basta deduzir como seria o seu dia-a-dia à frente do negócio, é fundamental ouvir as experiências de pessoas que já atuam na área há mais tempo. “Tente encontrar um coach, alguém mais experiente que possa te dar dicas de como conduzir melhor o negócio”, aconselha.
4. Você tem uma boa oportunidade de negócio?
Mesmo estando pronto para empreender e certo de que você tem vocação para o negócio, é preciso tomar cuidado para não ser a pessoa certa na hora e local errados. Certifique-se de que há espaço para mais um concorrente no mercado em que você quer entrar. Há clientes interessados no seu produto? Em quantidade suficiente? Onde eles estão? Qual é o seu diferencial? Todas essas perguntas devem ter respostas convincentes antes que você parta para a ação. Busque o máximo de informações possível sobre o mercado em que você vai atuar – sindicatos patronais, associações de classe e entidades de apoio ao empreendedor, como o Sebrae, podem ajudá-lo na tarefa.
5. Você tem um plano de negócios?
Depois de refletir muito sobre os seus planos, é hora de colocá-los no papel. “Plano de negócios pode parecer um termo meio técnico, mas você pode fazer isso de maneira simples, estipulando quanto vai gastar, quanto pode faturar, seus pontos fortes e fracos, etc.”, detalha Mario Vasconcelos. O plano de negócios pode ajudá-lo a antever possíveis obstáculos e planejar-se para vencê-los. Se o seu negócio for sazonal, como uma pousada, você poderá calcular quanto terá que faturar nos meses de alta para compensar os meses de baixa, por exemplo. Um bom plano de negócios ajudará a estabelecer o capital necessário para começar o negócio, quanto você precisará de capital de giro e estoque, permitirá prever o fluxo de caixa da empresa a até estimar os lucros, minimizando as chances de surpresas desagradáveis.