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A tendência de fazer compras por aplicativos está transformando a estrutura dos novos prédios. De olho no crescente consumo, construtoras vêm criando espaços de delivery com armários, geladeiras e cabides para facilitar o recebimento de encomendas e garantir o armazenamento de forma adequada, caso de empreendimentos de Urbic, You, Tegra, SKR, Mac e Vitacon.
À primeira vista, a ideia pode ser atrelada à necessidade de se contratar um novo funcionário para cuidar do espaço, mas ele é previsto até em prédios com portaria remota, como é a aposta da Urbic. Nos dois últimos empreendimentos lançados pela construtora – Urbic Ibirapuera e Urbic Vila Mariana -, os acessos do entregador à portaria e ao espaço de delivery são controlados remotamente, por meio de câmeras e interfones. O diretor-geral da Urbic, Luiz Henrique Ceotto, explica que o maior cuidado é para que o nível de segurança não seja reduzido.
“Com a portaria remota, o espaço delivery se tornou ainda mais necessário, já que a ausência de funcionários impossibilitaria o recebimento de qualquer tipo de entrega. Mas, para manter a segurança, há sempre alguém monitorando as câmeras, que são de alta resolução e mostram tudo ao redor do acesso ao prédio”, conta Ceotto.
Nesse caso, o entregador precisa se identificar para a câmera e comprovar com um documento de entrega a origem do produto e o destinatário, para que as portas sejam destravadas. No espaço, basta depositar a entrega em um armário-cofre (locker) cuja senha é indicada via SMS para o morador que fez a encomenda.
Além de receber compras, o locker pode armazenar ainda correspondências registradas – que normalmente precisam de assinatura de recebimento – graças a uma parceria entre a Urbic e uma empresa autorizada pelos Correios, que administra os lockers.
O volume de empreendimentos com esses espaços não para de crescer. Em 2019, já são quatro lançamentos nas zonas sul e oeste de São Paulo pela MAC Construtora e dois pela SKR. Na Vitacon, cerca de 50 prédios já têm um espaço delivery (o chamado VN Guarda Entregas).
O maior diferencial desse tipo de espaço não é o recebimento da compra, apontam as construtoras, mas como ela é armazenada: alimentos perecíveis na geladeira, roupas da lavanderia em cabides. O caminho contrário também é permitido, de acordo com Ceotto. Quem quiser deixar a roupa suja para a lavanderia buscar, pode utilizar o locker.
Construtoras como You e Tegra não chegam a participar da administração dos condomínios, deixando com que cada um pense o melhor uso do espaço de delivery. O que cabe a elas, segundo a diretora de incorporação da You, Alessandra Calefo, é entregar empreendimentos cada vez mais preparados para o mundo atual.
Delivery para todos os padrões
Se num primeiro momento os lançamentos com espaço de delivery são de alto padrão, essa é uma realidade momentânea, garante Alessandra Calefo. Neste ano a You lançou quatro empreendimentos de médio e alto padrões, em bairros como Pinheiros e Perdizes, mas todos os próximos (independentemente do perfil) terão esse espaço como item obrigatório. Também estão desenvolvendo uma linha de habitação popular que contará com local para receber encomendas.
“Quando o serviço surge de uma tendência grande como essa, precisamos levar em consideração que os espaços de delivery são para qualquer padrão de empreendimento. Além disso, é inegável que funcionam melhor nos prédios menores, com no máximo 80 apartamentos”, diz Alessandra.
A diretora de Inteligência de Mercado da Tegra, Andrea Bellinazzi, reforça o argumento de que “o espaço delivery atende a todos os tipos de empreendimento”, mas lembra que a capacidade de armazenamento depende do projeto e leva em consideração o número de apartamentos.
Assim, quanto maior o número de moradores, maior o espaço bem como a infraestrutura. Na Tegra, três lançamentos deste ano possuem a área (Brooklin Bricks, Sofi Campo Belo e TEG Sacomã), e todos os próximos lançamentos já virão com o delivery.
Na outra ponta, quem também sai ganhando com o recebimento das entregas, diz Andrea, são as empresas de e-commerce. “Com a armazenagem mais adequada dos itens, a probabilidade de danos aos produtos é reduzida. Além disso, o entregador trabalha de forma mais rápida, sem precisar ficar esperando o morador descer para receber a encomenda.”