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De acordo com a consagrada teoria evolutiva de Charles Darwin, não são as espécies mais fortes que sobrevivem num ecossistema, nem as mais inteligentes, mas as que melhor se adaptam. Será que os princípios do darwinismo podem ser usados para analisar as dinâmicas do mundo empresarial?
Para João Fernando Saddock, especialista em inovação e growth hacking e marketing manager na divisão de educação da H-FARM, a complexidade e a interdependência que estão na essência do processo de seleção natural podem ser consideradas no mundo dos negócios também. “Bem-vindo ao universo do darwinismo empreendedor. Em um mundo onde a única constante é a mudança, a habilidade de se adaptar rapidamente a novas condições é algo crítico para o sucesso nos negócios”, afirma.
Para exemplificar a conexão, Saddock cita alguns casos do mercado atual, como a Netflix. “A companhia começou como um serviço virtual de aluguel de DVDs, mas ao reconhecer o crescimento dos streamings digitais, rapidamente se adaptou e se transformou em um gigante da indústria. O que aconteceu com a Netflix foi resultado de uma clara visão de futuro e de uma liderança que estava disposta a correr riscos e investir em inovação”, avalia.
Outro exemplo positivo de adaptação empresarial, segundo o especialista, é a Amazon, que começou como uma livraria online, mas, ao longo dos anos, expandiu os negócios para diversos produtos e serviços, como logística, hosting, inteligência artificial, streaming e entretenimento.
“A Amazon investiu pesado em tecnologia, automatizou centros de distribuição e criou sua própria estrutura de serviços na nuvem. Sua habilidade em se adaptar e diversificar o portfólio fez com que a empresa se tornasse uma das maiores e mais bem-sucedidas no mundo”, destaca Saddock.
Por outro lado, o especialista explica que o contrário aconteceu com a locadora Blockbuster, que já tinha uma marca forte e recursos necessários para realizar mudanças estratégicas, mas falhou ao não se adaptar às transformações do mercado.
“A Blockbuster permaneceu fiel ao seu modelo tradicional de negócios, focado em lojas físicas para aluguel de filmes. A companhia falhou ao não se adaptar às rápidas mudanças no comportamento do consumidor e a transição no consumo de conteúdo digital, perdendo a oportunidade de se reinventar”, analisa.
Ele também cita a Kodak como outra empresa que não conseguiu se adaptar. A companhia era líder no mercado de fotografia, mas não conseguiu lidar com a transição para o digital. “A empresa acabou perdendo a posição de liderança no mercado e nunca voltou aos tempos de glória”, observa.
Para Saddock, a adaptação nos negócios envolve a habilidade de aprender com os erros e quedas. “As companhias devem ser capazes de experimentar e correr riscos calculados, ainda que nem todas as iniciativas sejam bem-sucedidas. Aprender com os erros e ajustar as estratégias com base no aprendizado é crucial para melhorar e seguir adiante em um mundo empresarial que muda o tempo todo, e isso é o fundamento base da adaptação”, conclui.