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Empréstimo pode colocar em risco saúde financeira do negócio

Fonte: Folha de S.Paulo
22/05/2019
Gestão

Antes de tomar empréstimos em bancos convencionais, fintechs ou programas de fomento, o empreendedor precisa de um plano realista para não deixar que a dívida se torne uma bola de neve e saber de antemão onde vai aplicar o recurso.

É fundamental definir antes se vai gastar ampliando a empresa, no fluxo de caixa ou na compra de equipamentos, diz Luís Sobral, diretor-superintendente do Sebrae-SP. Do contrário, é difícil planejar em quanto tempo o valor se paga e quanto pode ser alocado por mês para amortizá-lo.

Entre as formas mais comuns de obter crédito há linhas de capital de giro, cheque especial, antecipação de recebíveis, de curto prazo, e financiamentos mais longos para reformas, compra de equipamentos ou pesquisa.

Leandro Dias, 40, foi atrás de crédito para expandir sua empresa La Paella Express, que inclui restaurante e serviço para eventos, em São Paulo. Conseguiu uma linha de R$ 50 mil, pagando 2,99% ao mês em juros. 

Agora, quer vender sua paella congelada e planeja recuperar o valor emprestado em dois anos. “Usamos o crédito para reformar e expandir a cozinha, comprar embalagens e matéria-prima e testar as receitas. Queremos vender o produto para empórios do bairro e crescer aos poucos.”

Do microempreendedor aos médios empresários, a dica é só contrair crédito para alavancar o negócio. Criar uma dívida para pagar outra quase sempre é má ideia.

“Além do risco de inadimplência, usar esse ‘cheque especial’ indica ao banco que a empresa não tem saúde financeira. Quando precisar de crédito para expandir, o banco vai cobrar juros mais altos e pedir mais garantias”, afirma Sobral.

Entre os principais motivos dados pelas instituições na hora de negar o crédito estão pouco tempo de mercado, inadimplência, faturamento baixo e registro negativo em órgãos como o Serasa, segundo levantamento de 2017 do Sebrae sobre o financiamento das pequenas e médias empresas no país.

Fazer a contabilidade da empresa direito ajuda a convencer instituições financeiras a conceder o empréstimo, diz Roy Martelanc, coordenador de projetos de finanças e banking na FIA (Fundação Instituto de Administração).

“O crédito custa mais se há desorganização e risco de inadimplência. Sem bons registros contábeis, que passem confiança, a operação sairá cara. Também vale começar a cotação por bancos onde a pessoa tem um relacionamento longo e bom histórico”, diz.

Juros, garantias e carências (o período que o tomador tem antes de começar a pagar a dívida) são quase sempre decididos caso a caso.

Embora haja outros caminhos, é difícil conseguir crédito sem ao menos avaliar as opções do setor bancário tradicional, diz Martelanc. Dados do Banco Central apontam que os seis maiores bancos do país detinham 81% dos empréstimos a micro e pequenas empresas em 2017.

Já as fintechs, startups do setor financeiro, são uma alternativa para quem precisa de volumes menores de crédito, na faixa de R$ 20 mil.

A maioria trabalha com poucos produtos, como a intermediação entre cliente e instituições financeiras para crédito, financiamento coletivo com pequenos investidores ou antecipação dos valores de vendas a prazo —a modalidade mais comum.

“É interessante para quem precisa de liquidez rápida. Mesmo com taxas mais elevadas, como é um valor antecipado, não um empréstimo, a empresa não precisa se preocupar com a amortização da dívida depois”, afirma Sobral, do Sebrae-SP.

Microempresários podem tentar também linhas de crédito como a Juro Zero, parceria do Sebrae com a agência de fomento Desenvolve SP, do governo estadual, com linhas de até R$ 20 mil.

O barbeiro Raphael Ribas, 23, conseguiu R$ 6.300 por essa linha após submeter seu plano de negócio. Com o dinheiro, reformou um ponto e comprou equipamentos. 

“Como só começo a pagar em maio e não há juro, ganho tempo para me estruturar. Tenho dois anos de experiência, uma boa clientela e sempre estudei administração porque via muita gente abrindo empresas sem conseguir mantê-las”, diz Ribas.

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