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Endividamento das famílias atinge o maior patamar em 11 anos

Fonte: O Globo
19/01/2022
Geral

O endividamento das famílias brasileiras chegou a 70,9% em 2021, o maior nível em 11 anos. O nível atingiu patamar mais crítico no final do ano, com 76,3% em dezembro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio nesta terça.

Para famílias de menor renda, com orçamento de até 10 salários mínimos, o endividamento atingiu patamar recorte no último ano, de 72,1%, com aumento de 4,3 pontos percentuais ante 2020. Já para pessoas com renda superior aos 10 salários mínimos, a taxa chega a 66%, porém com aumento mais significativo, de 5,8 p.p..

E o cartão de crédito é a principal forma de contração de dívida, usado por 82,6% dos endividados, um aumento de 4,6 p.p. em comparação com 2020. Na sequência, estão carnê (18,1%), financiamento de carro (11,6%) e financiamento de casa (9,1%). 

Os números mostram que os brasileiros estão recorrendo mais ao crédito para manter o consumo, segundo a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa. No caso das famílias mais pobres, com renda mensal de até 10 salários mínimos, o fator que levou à contração de crédito foi a inflação a dois dígitos, que pressionou o poder de compra.

— Em 2021, tivemos um aumento de serviços essenciais acima da inflação, como habitação, transporte, alimentação e medicamentos, e as pessoas não podem abrir mão — explica.

Por outro lado, entre os mais ricos, o endividamento foi movido pelo consumo de serviços prestados às famílias, como salões de beleza e turismo, com o avanço da vacinação e flexibilização das medidas restritivas. Além disso, Izis afirma que muitos quiseram aproveitar o crédito barato, com taxa de juros perto de 2% no primeiro semestre, para pegar financiamentos para carros e casas.

Segundo cálculo da CNC, entre os mais pobres, as dívidas corroe, em média, 30,8% da renda, contra 27,6% entre os mais ricos. Nos dos grupos, mais de 50% dos endividados compromete de 11% a 50% da renda.

Para o presidente do órgão, José Roberto Tadros, entre famílias com orçamento superior a 10 salários mínimos, o endividamento aumentou devido à demanda represada por serviços, e crescimento do uso do cartão de crédito.

"O processo de imunização da população possibilitou a flexibilizaçao da pandemia, refletindo no aumento da circulação de pessoas nas áres comerciais ao longo do ano, o que respondeu à retomada do consumo", afirma.

Queda na inadimplência

O crescimento da demanda por crédito, porém, não puxou para cima os números de inadimplência das famílias, que segundo a Peic, registraram leve queda contra 2020, de 0,3 p.p., e fechou 2021 em 25,2%.

O atraso no pagamento de contas ou dívidas seguia tendência de queda até maio de 2021, mas voltou a subir e fechou dezembro em 26,2% do total de famílias, patamar acima da média.

A economista afirma que o aumento de inadimplências está atrelado aos impactos da segunda onda da Covid-19, a partir de maio, aliado à inflação de dois dígitos e taxa de juros crescente. Nos últimos dois meses do ano, Izis aponta que as taxas foram superiores às observadas no mesmo período em 2020.

Entre as famílias que declaram não conseguirem pagar contas ou dívidas e, portanto, continuarão inadimplentes, houve contração de 0,6 p.p. entre 2020 e 2021, mas ainda representa um em cada dez brasileiros. O patamar, que oscilou em alta no primeiro semestre, acabou fechando o ano abaixo da média.

Com o indicador de atraso de contas crescendo nos últimos meses do ano passado, a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, acredita que o cenário deve se sustentar nos primeiros meses de 2022. Ela cita o enfrentamento de cenário adverso, com juros e inflação altos e dificuldade de recuperação do mercado de trabalho formal, aliados ao vencimento de despesas típicas do primeiro trimestre.

Para este ano, ela acredita que o endividamento das famílias deve se manter superior a 70% pela fotografia geral: inflação alta e taxa de juros crescente, ano eleitoral, revisão para baixo das previsões do PIB. Com menor procura por crédito, a economia fica desaquecida.

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