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Olhar para a concorrência ajuda empresário a montar plano de ação

Fonte: Folha de S.Paulo
21/11/2019
Gestão

Para ter sucesso, não basta às empresas ficar de olho apenas em seus resultados. É preciso acompanhar de perto os indicadores econômicos do país e a concorrência para, então, traçar as estratégias de seu negócio.

Segundo Ariadne Mecate, consultora do Sebrae-SP, a análise de mercado deve começar antes do início da atividade da empresa e ser refeita continuamente.

“Para começar o empreendimento, é importante saber quem são os clientes, os fornecedores e os concorrentes. Depois, é preciso saber se o seu negócio está agradando ao consumidor e o que pode ser feito para seguir ganhando mercado”, diz.

Davi Bertoncello, diretor-executivo da agência de pesquisa e inteligência Hello Research, diz que esses levantamentos sobre o mercado estão ficando mais acessíveis para pequenos negócios. 

Para quem tem pouco caixa disponível, a internet é uma aliada. Pela rede dá para saber quem são seus concorrentes, os produtos que eles comercializam e seus canais de distribuição e divulgação. 

“Com as opções pela internet, pesquisas que custavam R$ 60 mil hoje saem por R$ 10 mil”, diz Bertoncello.

Outra alternativa é ir pessoalmente às lojas de seu segmento de atuação para conhecer as estratégias de quem já está no mercado.

Mecate, do Sebrae, diz que o objetivo é levantar os pontos fracos e fortes dos concorrentes. Não podem faltar na pesquisa informações como preço, qualidade dos produtos, canais de distribuição, atendimento, variedade e estratégia de marketing das lojas.

Com isso, é possível mapear onde a sua empresa pode melhorar e quais as fraquezas dos rivais —pontos que o empresário pode divulgar como um diferencial de sua marca.

A análise não deve se restringir às empresas vizinhas. Uma loja em outra cidade, estado ou até país pode ser usada como referência.

Monitorar a concorrência ajudou Juliana Bueno, 40, a trazer novos serviços para seu bar Boteco do Portal, em São Paulo. Ela trabalhava no negócio e resolveu comprá-lo quando os donos o colocaram à venda, no ano passado. Quando assumiu, porém, um bar parecido abriu ao lado.

Para atrair fregueses, resolveu ir além do que o vizinho oferecia. Criou, por exemplo, uma noite com atividades para mulheres, com participação de taróloga e venda de roupas.

“Agora estamos criando o ‘boteco na sua casa’, porque percebemos que muitos clientes preferem receber os amigos em casa. Levamos todas as comidinhas e drinques do boteco para o cliente”, diz.

Segundo Fernando Massi, sócio-fundador da rede de serviços de ortodontia OrthoDontic, a ideia ao observar a concorrência não é copiar modelos de operação ou utilizar os mesmos parâmetros para tomadas de decisão.

“Observar a dinâmica do mercado serve de laboratório para avaliar a resposta do público a produtos, serviços, campanhas publicitárias e posicionamento de marca”, diz ele. Observar o mercado de forma macro é uma forma de se inspirar para inovar.

Além de ficar de olho nos concorrentes, especialistas dizem que é fundamental avaliar os indicadores econômicos para traçar as estratégias de curto, médio e longo prazo.

O empreendedor pode achar que as oscilações do câmbio podem não ter impacto no seu negócio porque ele é dono de uma padaria. Mas o trigo é cotado em dólar e, com a alta da moeda, o preço da farinha pode ir às alturas. 

O impacto nesse caso é direto, e o empreendedor precisa saber quais são as projeções para o câmbio para definir se é hora de comprar mais insumo ou esperar o preço cair.

“A taxa de juros tem impacto no parcelamento do cliente e também na negociação com fornecedores. Acompanhar a tendência para a taxa básica de juros ajuda a definir melhor suas estratégias”, diz Mecate, do Sebrae. 

É importante também saber como estão as projeções para desemprego —que tem relação direta com o consumo— e o que deve acontecer com o PIB (Produto Interno Bruto) e a inflação, indicadores que ajudam a definir se é hora de investir.

De olho nos números do mercado, Eduardo Militão, 38, percebeu que era hora de abrir a segunda unidade do seu estacionamento no Brás, o Militão Park. 

“No fim de ano aumenta o movimento de pessoas que vêm para o centro fazer compras e, com a expectativa de aquecimento da economia, a tendência é que o fluxo seja ainda maior. Temos que estar preparados para atender à demanda”, diz.

Para Militão, além do 13º salário, a liberação do FGTS e a redução, ainda que discreta, na taxa de desemprego são indicadores que os brasileiros devem voltar às compras. “Já percebemos um aumento no número de clientes nos últimos dias e a segunda unidade nos permite atender mais pessoas”, afirma.

“Fatores econômicos e sociais, como envelhecimento da população ou comportamento das pessoas, ajudam a definir o caminho que o empreendedor deve seguir”, acrescenta Ariadne Mecate.

Neste caso, os indicadores estão disponíveis na internet e são de fácil acesso. O mesmo não ocorre quando se fala em dados de mercados específicos. O dono da padaria terá que buscar informações sobre o seu público-alvo, consumo médio e projeções do segmento em entidades de classe.

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