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Se há alguns anos era preciso montar uma operação complexa para vender para fora do País, hoje a situação é muito mais simples. Num cenário de dólar alto e mais plataformas disponíveis, o avanço do comércio online permite que as empresas consigam acessar mercados em diversas partes do mundo. Para ter sucesso na exportação, no entanto, a orientação de especialistas é fundamental para ajudar os empreendedores a adaptarem processos, cumprirem as exigências legais e planejarem suas estratégias.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABcomm), a projeção é que o mercado de comércio eletrônico nacional chegue a R$ 185,7 bilhões em 2023. A pesquisa ainda aponta que o número de pedidos pode chegar a 395,1 milhões, enquanto o número de compradores alcançará 87,8 milhões.
As vendas internacionais podem ser uma opção para companhias de diferentes tamanhos, seja através de uma plataforma própria, de um marketplace que opere internacionalmente ou de uma comercial exportadora parceira. É possível passar a vender para outros países de forma cada vez mais diversificada.
Capacitação
Um exemplo são as ações do e-commerce americano eBay. Em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a especialista em internacionalização de negócios B2GO, a companhia lançou uma série de treinamentos voltados às empresas nacionais que desejam começar a operar em um dos maiores sites de comércio eletrônico do mundo.
Segundo Nils Strandberg, cofundador da B2GO, o objetivo é estimular o crescimento do número de lojas brasileiras vendendo em mercados mundiais, principalmente nos EUA, e levar os produtos nacionais para mais de 134 milhões de consumidores espalhados em 190 países.
“Internacionalizar significa dar mais força ao seu empreendimento, porque melhora sua visão sobre o mercado e abre oportunidades. Se você quiser oferecer o seu produto globalmente, essa precisa ser a estratégia do negócio”, explica Nils.
Com duração total de três meses, 100% gratuito e com aulas em português, os treinamentos serão realizados em grupo, para até 30 pessoas, para uma ou três empresas em cada sessão. São cinco sessões com diversos temas e o objetivo é deixar a loja online pronta para uso no plataforma. Ao todo, 50 empresas serão selecionadas para participar do treinamento. Os requisitos incluem ter ao menos 100 itens disponíveis para venda, experiência em vendas online e compromisso para participar das sessões. Para participar, basta preencher o cadastro no site.
As vendas também podem ser feitas através do próprio site da empresa, adaptando a plataforma para as vendas em uma nova moeda, considerando encargos tributários e de transporte do produto. “É preciso entender completamente o processo regulatório - fiscal, aduaneiro e cambial”, explica Walter Cardozo Neto, cofundador da e-CROSS, empresa focada na adaptação de comércios eletrônicos para venda entre países, também conhecida como crossborder.
A solução da companhia passa por adaptar o sistema de empresas estrangeiras para tornar disponível uma interface amigável para o comprador brasileiro. Isso inclui preços atualizados com os encargos de importação, opção de compra em moeda local, conversão de medidas técnicas, além do trâmite de distribuição dos produtos, em parceria com transportadoras. A empresa planeja passar a oferecer os serviços inversos, para que negócios brasileiros operem no exterior, a partir da primeira metade do ano que vem.
Planejamento
Apesar de ser facilitada por diferentes ferramentas, a internacionalização não pode ocorrer sem planejamento. Além da compreensão das características aduaneiras de cada país, normas de segurança e diferenças tributárias, é preciso considerar a capacidade produtiva da empresa e um planejamento de longo prazo, que considera a flutuação cambial ao longo dos anos.
É provável também que se tenha de lidar com diferentes operadores de transporte e fluxos operacionais. “O produto sai da minha fábrica e chega até o operador logístico, que é o que chamamos de primeira milha. Depois, temos o middle mile (milha do meio) que envolve toda a parte do frete aéreo por esses operadores logísticos para a mercadoria chegar até o país de destino”, explica Rafael Sant’Anna, cofundador da e-CROSS. “Tem a parte de todo o desembaraço aduaneiro dentro do aeroporto e depois a última milha, que é sair do aeroporto e ir direto para a casa do cliente”, completa.
Para além da logística, é importante compreender as características específicas do mercado onde se planeja vender. “Há países onde o produto internacionalizado por si só já é um diferencial”, explica Sophia Costa, consultora do Sebrae-SP. Enquanto isso, há localidades onde pode existir uma resistência maior para diferentes produtos estrangeiros. Nesses casos, pode ser útil o trabalho em conjunto com profissionais nativos para adequação da marca a uma nova realidade.
Momento certo
O processo de planejamento para se vender em um outro país é muito parecido com o que deve ser feito quando se passa a atuar em um novo mercado, mesmo que nacional. Estudar os concorrentes, encontrar um diferencial e calcular custos fazem parte desse processo.
“Qual é o movimento que o mercado internacional na área em que você atua tem feito? Qual é o movimento no mercado nacional? Tudo isso tem de ser levado em consideração. Não pode ser uma coisa de momento”, explica Cardoso Neto, da e-CROSS. Sophia Costa, do Sebrae-SP, pontua que em caso de um planejamento mal executado, a empresa pode ser obrigada a deixar de operar em determinado país, o que pode implicar custos financeiros e reputacionais à marca. “É importante que uma vez que se tenha essa parceria do ponto de vista comercial, se dê continuidade”, pontua.