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Organizar as finanças de seus negócios é uma tarefa mais simples do que parece: monitorando apenas quatro dados é possível medir a saúde financeira de uma empresa, afirmam especialistas.
Segundo Danilo Pacheco, consultor do Sebrae, a maioria dos pequenos empreendedores conhece bem os detalhes operacionais do negócio, mas só se preocupa com a capacitação financeira quando a situação já não está boa.
“Isso é um problema sério, porque o empreendedor acaba tomando decisões importantes sem nenhuma base estratégica. É preciso acompanhar um mínimo de métricas financeiras para ter mais segurança na gestão”, afirma.
A primeira informação que se deve ter é o ponto de equilíbrio do negócio. “Quanto o empreendedor precisa faturar para pagar todas as suas contas, fixas e variáveis? Encontrar o ponto de equilíbrio ajuda a descobrir o mínimo que a empresa precisa vender para continuar funcionando”, diz.
Só com essa informação já é possível ter uma ideia de como o negócio está indo. O segundo passo é calcular o quão lucrativa está a empresa, para que seja possível estabelecer as primeiras metas. Isso é feito a partir da relação entre as despesas e o faturamento.
O consultor destaca que o empresário deve buscar um custo de operação total que não ultrapasse 30% do seu faturamento mensal. Caso contrário, ele provavelmente terá que repassar as despesas para o preço do produto para ter boa margem de lucro.
O terceiro dado é a rentabilidade. O empreendedor deve projetar, a partir do lucro que sua empresa tem, quanto tempo irá demorar para restituir os investimentos que fez e pretende fazer.
Esse prazo de retorno deve ser recalculado constantemente, pois é a partir dele que se consegue planejar novos investimentos. “Ele é um termômetro que ajuda a medir se a empresa tem uma boa operação. Se for maior do que outras opções de investimento de menor risco, é um indicativo de que mudanças são necessárias”, diz Pacheco.
Por último, há o fluxo de caixa: o registro de todo dinheiro que entra e sai.
“Parece simples, mas muitos empreendedores não fazem esse controle mensalmente, e misturam o caixa da empresa com despesas pessoais”, afirma Pacheco.
Com essas informações em mãos, Eger Boehm, dono do Empório 73, na zona sul de São Paulo, conseguiu definir suas metas e manter a empresa saudável enquanto o ponto de equilíbrio não é alcançado.
“Toda empresa precisa de gordura para queimar no começo. Eu fiz um empréstimo de R$ 50 mil e um investimento pessoal de R$ 100 mil. Pelas minhas projeções, acredito que em fevereiro do ano que vem atinjo meu ponto de equilíbrio”, diz ele. “Em 36 meses tenho o retorno de todo o investimento, mas é preciso seguir atualizando as projeções.”
Conhecendo as métricas financeiras, ele viu que precisaria aumentar a rentabilidade e buscou saídas.
O empório vendia mel, cachaça, vinhos e queijos, e Eger decidiu acrescentar ao cardápio refeições saudáveis, mirando o público que frequenta as academias da região.
Segundo Antônio Guimarães, especialista em finanças da G6 Consultoria, há indicadores mais sofisticados, mas esses são os básicos para o pequeno empresário.
“O mais importante para ele é cuidar do caixa. O ideal é um controle mensal, mas a gente sabe que para os pequenos isso pode ser muito trabalhoso. Se for possível fazer um levantamento a cada dois meses, ou até mesmo a cada três meses, já ajuda bastante”, diz.
É dessa maneira que tem trabalhado Frederico Diniz Farah, dono da distribuidora de alimentos artesanais D’Farm. A empresa, que fornece produtos para 250 lojas no Brasil, tem 12 funcionários.
Segundo o empresário, mesmo reconhecendo a importância do fechamento mensal, o fluxo de trabalho do negócio tem permitido que ele faça apenas um controle trimestral das finanças. “O desafio é a falta de tempo. Nós não temos ainda como colocar uma pessoa específica para o financeiro, então ainda sou eu quem faz o controle.”
Só esse monitoramento já solucionou alguns problemas na sua operação. Identificou, por exemplo, a diferença na margem de contribuição —parte do lucro da empresa que cada cliente representa— de seus compradores.
Com os dados financeiros em mãos, o empreendedor percebeu que alguns clientes que compravam em grandes volumes também exigiam uma série de custos variáveis que diminuíam sua margem de lucro: pediam, por exemplo, para degustar vários produtos ou faziam mais trocas, o que elevava os gastos da empresa com logística.
Isso fez com que ele buscasse expandir sua operação, aumentando a atenção para outros clientes que tinham um volume menor de compras, mas que apresentavam uma venda mais saudável.
“Para uma distribuidora como a nossa, é muito importante tomar cuidado para o faturamento não estar abusivamente concentrado em um produto ou em um cliente. Isso reduz a sustentabilidade do negócio, e foi um risco que percebemos quando organizamos as finanças”, diz.
Glossário financeiro
Ponto de equilíbrio - Condição em que as receitas e as despesas da empresa se igualam. Nessa situação, a empresa opera sem prejuízo e sem lucro
Prazo de retorno - Período a partir do qual uma empresa que apresenta lucro receberá de volta o dinheiro investido pelo empreendedor
Rentabilidade - Porcentagem que se tem de lucro sobre um valor investido, com base em um período determinado. É calculada a partir do lucro da empresa e do prazo de retorno estimado para os investimentos, e serve de termômetro da saúde da empresa
Fluxo de caixa - Controle do dinheiro que entra e sai do caixa da empresa. Além de servir para identificar o faturamento e as despesas da empresa, é usado como base para projeções financeiras