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O comércio brasileiro despencou 16,8% em abril diante dos impactos da pandemia da Covid-19 no país, no que foi o primeiro mês que começou e terminou com medidas de distanciamento social em todo o país.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o pior desempenho do setor desde o início da série histórica, que começou em janeiro de 2000.
Todos os ramos de atividade pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sofreram quedas, até os setores considerados essenciais durante a pandemia, como Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,8%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-17%).
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explicou que uma redução da massa salarial em torno de R$ 7,3 bilhões, uma queda de 3,3%, entre o trimestre encerrado em março para o terminado em abril, contribuiu para o registro negativo de setores essenciais.
“Em março, podemos imaginar o cenário em que essas atividades essenciais absorveram um pouco das vendas das outras atividades que tinham caído muito, mas nesse mês isso não foi possível”, disse Cristiano.
Outro motivo pode ter sido o fato de o consumidor realizou a estocagem de alguns produtos, para evitar sair de casa, segundo o pesquisador.
Essa foi a terceira vez em toda a série histórica que todas as oito atividades pesquisadas pelo IBGE sofreram queda. A maior foi em Tecidos, vestuário e calçados (-60,6%), seguido de Livros, jornais, revistas e papelaria (-43,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-29,5%).
Outros ramos que caíram foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicaç?ão (-29,5%), Móveis e eletrodomésticos (-20,1%) e Combustíveis e lubrificantes (-15,1%).
As últimas vezes que todas as atividades tiveram queda foram em janeiro de 2016 e julho de 2015, quando o Brasil vivia período de recessão econômica. Mesmo assim, sem os impactos vistos durante a pandemia.
"É muito difícil termos indicadores com dois dígitos de variação, tanto no varejo quanto no varejo ampliado", afirmou o gerente da pesquisa.?
Segundo o IBGE, a queda foi generalizada no Brasil, com todos os 26 Estados mais o Distrito Federal sofrendo quedas tanto na comparação com o mês de março quanto com o mesmo período do ano passado, seja no comércio varejista ou no comércio varejista ampliado.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o varejo caiu 16,8%, com recuo em sete das oito atividades pesquisadas. Só Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,7%) mostrou aumento, ainda em menor intensidade que no mês de março (11,0%).
Já o volume de vendas do comércio varejista ampliado, que integra também as atividades de Veículos, motos, partes e peças (-36,2%) e material de construção (-1,9%), caiu 17,5% em abril na comparação com março, a maior queda da série histórica, que começou em fevereiro de 2003.
Esse é o terceiro indicador dos efeitos do distanciamento social sobre a economia brasileira. O IBGE já havia divulgado que a indústria teve queda de 18,8% na comparação com março, a pior da série histórica. E o mercado de trabalho sofreu um recorde de 4,9 milhões de postos de trabalho perdidos no trimestre encerrado em abril. Desse total, o comércio foi o setor que mais sentiu a queda na população ocupada, com 1,2 milhão de empregos a menos.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou pandemia no dia 11 de março. Nas semanas seguintes, estados e municípios começaram a decretar restrições à circulação de pessoas, o que afetou a economia brasileira.
A primeira morte conhecida de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de conter o avanço da doença. Em abril, os efeitos econômicos passaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.
Na semana passada, o Banco Mundial projetou que a economia brasileira deve encolher 8% em 2020, um dos piores resultados globais. Segundo a instituição, a contração está ligada às medidas de contenção da propagação do vírus, investimentos em queda e redução nos preços de commodities. Em janeiro, a projeção era de crescimento de 2% para o Brasil.