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Os micro e pequenos empreendedores estão encontrando na internet alternativas para manter pelo menos parte das vendas. Quem já tinha clientes conhecidos consegue manter as vendas por aplicativo de mensagens ou redes sociais. Outra opção são plataformas que divulgam os serviços e produtos dos empreendedores de forma gratuita para ajudar no momento de crise causada pela pandemia de covid-19.
A microempresária Tayná Ferreira Santos, 28 anos, conta que começou a vender brigadeiros e bolo no pote há quase oito anos de porta em porta. E há três, fez a primeira parceria com uma loja de roupas para vender seus produtos no interior do estabelecimento, em São Paulo. Depois, há cerca de 10 meses, mudou-se para uma outra loja de roupas, porque lá havia a possibilidade de divulgar melhor os seus produtos.
Entretanto, conta Tayná, quando já estava ganhando mercado para as encomendas, veio a pandemia de covid-19 e a necessidade de isolamento social. Segundo ela, antes da crise, as vendas eram feitas para clientes que trabalhavam em escritórios próximos à loja e os consumidores mais antigos do bairro, onde ela se instalou inicialmente, faziam encomendas. “Era muita gente tomando o cafezinho após o almoço e comendo um brigadeiro. Estava ganhando confiança para fazer encomendas. Com a crise, as vendas na loja pararam 100%. Como ninguém vem trabalhar, deixam de consumir.”
Tayná disse que foi preciso dispensar os funcionários, e agora tem trabalhando sozinha. Ela tem vendido com ajuda das redes sociais para os clientes antigos do primeiro bairro onde funcionava a loja de brigadeiro gourmet. Ela também fez o cadastro na plataforma lançada recentemente Salve os Pequenos, iniciativa que conecta pequenos empreendedores, de cidades com mais de 100 mil habitantes, aos consumidores.
“Com a crise, acho que o importante é tentar achar alguma solução. Estou vendendo pouco, mas estou vendendo. Preciso fazer com que o cliente receba o produto. Então, me organizei de uma forma em que eu consiga a cada dia estar em uma região de São Paulo, para entregar sem o custo do frete”, disse Tayná.
Salve os pequenos
O diretor de Negócios da fintech (empresa de tecnologia do setor financeiro) Azulis, Bruno Dilda, disse que a ideia de criar a plataforma Salve os Pequenos foi pensada pela equipe da empresa como forma de ajudar pequenos negócios, como o da bomboniere que costuma ser frequentada pelos funcionários no horário do almoço. “Comprávamos lá todo dia e que agora estamos em home office. Então, pensamos em ajudar os pequenos negócios a entrar no mundo do delivery”, contou.
Segundo Dilda, já são mais de 300 negócios cadastrados e 50 mil usuários por semana. “Nossa intenção é levar ao mesmo patamar dos negócios, ter cerca de 1 milhão de usuários, por mês na plataforma”, disse. De acordo com ele, o objetivo é ajudar os pequenos negócios no momento de crise e passada essa fase, descontinuar o serviço.
Na plataforma, podem ser feitos cadastros de feirantes, restaurantes, docerias, entre outros. É necessário dizer qual é a categoria de serviço e dos produtos oferecidos, em quais bairros e quais cidades estão fazendo a entrega e os contatos pessoais. Dessa forma, o usuário consegue filtrar e ver quais são as opções entregues em sua localidade, por meio de uma funcionalidade com mapa, e contatar diretamente o pequeno empreendedor para fazer a compra via aplicativo de troca de mensagens ou redes sociais.
Parcerias
O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, disse que a instituição tem buscado parcerias e feito campanhas para estimular a compra de produtos dos pequenos empreendedores. Ele disse que grandes empresas que vendem produtos por meio de pequenos distribuidores tem alongado o prazo de pagamento.
Outra estratégia citada é o lançamento, em breve, de parceria com a Magazine Luiza que vai passar a vender em seu site produtos de micro e pequenos empreendedores. “Os produtos poderão ser oferecidos no site que tem uma capilaridade grande. Também será possível se cadastrar como microempreendedor individual e vender produtos da loja e ganhar uma percentagem da venda”, disse.
Segundo Melles, as parcerias são importantes para o setor – formado por 6,5 milhões de micro e pequenas empresas, além de 10 milhões de microempreendedores individuais.
Pesquisa
De acordo com pesquisa do Sebrae, nos primeiros dias de restrição à circulação de pessoas e isolamento social, em decorrência do coronavírus, 89% das micro e pequenas empresas brasileiras já observam queda no seu faturamento. A pesquisa, feita entre os dias 20 e 23 de março, junto a um universo de 9.105 donos de pequenos negócios, revelou que, na média, a redução no faturamento das empresas foi de 69%.
Os empresários ouvidos pelo Sebrae ressaltam que, mesmo adotando uma estratégia de venda online, o faturamento anual do negócio pode sofrer uma queda de 74%, caso as políticas de isolamento social sejam mantidas por um período de dois meses.