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Produtos de vestuário são os mais desejados por consumidores brasileiros na Black Friday deste ano, indica pesquisa divulgada pelo Google nesta quinta-feira (28).
O levantamento, encomendado à empresa Ipsos, ouviu 500 pessoas para medir a intenção de compra relacionada à data promocional, marcada para 26 de novembro.
Segundo a pesquisa, 64% dos consumidores entrevistados têm intenção de adquirir produtos na Black Friday de 2021. Os demais 36% ainda estão em dúvida ou não devem comprar.
Entre os itens ou grupos de produtos mais desejados, vestuário é citado em 62% das respostas dos consumidores que pretendem gastar ou que ainda estão indecisos.
É o maior percentual de intenção de compra, seguido por celulares (40%), livros e papelaria (38%), calçados (33%) e cuidados pessoais (27%). Os entrevistados tinham a possibilidade de citar mais de uma resposta.
Na visão de Gleidys Salvanha, diretora de negócios para o varejo do Google Brasil, o interesse por itens como os de vestuário pode ser associado ao desejo de parte dos consumidores de retomar atividades do pré-pandemia.
Esse movimento, diz, é embalado pela vacinação contra a Covid-19, que reduziu restrições ao deslocamento de pessoas nos últimos meses.
"O consumidor hoje está mais motivado pelo pós-pandemia", afirma.
"A gente está chamando esta Black Friday de Black Friday do começo ou do recomeço. Temos um consumidor totalmente transformado. Ele aprendeu muito na pandemia. Muitos entraram no online."
Conforme o Google, os dados desta pesquisa não são comparáveis a levantamentos de anos anteriores.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) deve divulgar nas próximas semanas uma projeção para as vendas da Black Friday.
A entidade estima que, em 2020, a data promocional tenha movimentado R$ 3,74 bilhões, a maior quantia desde 2010, quando o evento foi incorporado ao calendário do varejo nacional.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC, o valor deve voltar a crescer em termos nominais, em 2021, para perto de R$ 4 bilhões. O avanço não deve ser maior devido ao impacto de fatores como a escalada da inflação.
Bentes explica que, nos últimos meses, a pressão inflacionária foi puxada por itens mais básicos para o dia a dia das famílias, como alimentos, energia elétrica e combustíveis.
Assim, a fatia do orçamento que poderia ser usada nas compras da Black Friday fica menor. A inflação de itens como a energia elétrica também afeta as margens de lucro de empresários, o que pode até dificultar descontos mais fortes na data promocional.
"Apostaria em uma movimentação financeira próxima de R$ 4 bilhões. Esse valor poderia ser maior? Poderia. Mas não deve ser porque as condições de consumo não são tão favoráveis", diz Bentes.
"Estamos em um processo de inflação alta. A taxa de câmbio subiu, mudou de patamar. Muitos produtos da Black Friday dependem de importações", acrescenta.
Neste ano, de janeiro a outubro, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acumulou alta de 8,30%. O indicador, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é conhecido como a prévia da inflação oficial.
Entre os produtos que costumam ser buscados na data, destacam-se as altas de preços de televisores, que acumularam inflação prévia de 18,12% no de janeiro a outubro.
Os preços de aparelhos eletroeletrônicos avançaram 9,91% na média, enquanto móveis e utensílios subiram 8,91%.
Pelo IPCA-15, a categoria de vestuário teve inflação prévia de 6,94% no acumulado deste ano. Ou seja, inferior ao índice geral.
Outros itens ou grupos que ficaram abaixo do IPCA-15 são livros não didáticos (4,17%) e cuidados pessoais (4,01%).
"Parte dos produtos do varejo teve uma alta menor nos preços do que a inflação porque o empresário não consegue repassar todo o aumento de custos. Se fizesse isso, afugentaria o consumidor", analisa Bentes.